quarta-feira, 18 de julho de 2012

Resíduos das pás eólicas são pesquisados na Unesp

Os estudos são feitos em parceria com a empresa Wobben WindPower


Resíduos do equipamento podem ser utlizados para o desenvolvimento de blocos para calçamento - Por: Arquivo JCS
Ferramenta utilizada na produção de energia limpa, a fabricação de pás eólicas produz resíduos que podem, no futuro, ser utilizados na construção civil. A constatação foi feita em duas pesquisas realizadas no campus Sorocaba da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Doutora em Física com especialização em resíduos em novos materiais, a professora Maria Lúcia Pereira Antunes foi a orientadora dos trabalhos de graduação que estudaram a aplicação da resina Epóxi - utilizada na produção das pás - para o desenvolvimento de blocos para calçamento e de um tipo de concreto leve. A utilização em larga escala desses produtos depende ainda de estudos sobre possíveis contaminações provocadas pelos novos materiais desenvolvidos nas pesquisas.

Os estudos começaram em 2010 e foram feitos em parceria com a Wobben WindPower, fabricante das pás eólicas e especializada na construção, instalação e manutenção de aerogeradores de grande porte para usinas de energia eólica. Além de dados técnicos sobre os materiais utilizados na fabricação das pás, a empresa forneceu os resíduos para os estudos. A primeira pesquisa trabalhou no desenvolvimento de um tipo de bloco para calçamento com alta absorção. Por conta disso, o material é ideal para ser usados para a construção de pisos para áreas externas.

Maria Lúcia explica que a areia utilizada na produção dos blocos foi substituída pelo pó proveniente da perfuração das pás para a montagem dos aerogeradores. Com a substituição da areia pelo pó da resina, há redução de até 20% no custo da produção desses blocos. A professora destaca ainda que esse novo produto também poupa recursos naturais, pois a areia deixa de ser retirada da natureza.
  
Concreto leve

No segundo trabalho desenvolvido com os resíduos da fabricação das pás, a resina Epoxi foi utilizada em outro estado físico e foi usada para o desenvolvimento de um concreto com alta resistência e mais leve do que o convencional. Assim como no primeiro estudo, a pesquisa mostrou queda no custo de produção e economia de recursos naturais.

O primeiro desafio desse outro estudo, diz a professora, foi encontrar uma forma de moer a resina para transformá-la em pó. "Levamos de dois a três meses para descobrir como triturar esse resíduo", conta a professora. Por ter resistência satisfatória, esse novo concreto poderia ser utilizado na parte estrutural da construção civil.

Por conta da utilização de matéria prima em larga escala, a construção civil é o foco das pesquisas com resíduos advindos da produção de pás eólicas. "Temos o fator positivo de termos a produção dessas pás na cidade e conseguimos parcerias para realizar as pesquisas. É a universidade atuando na comunidade", afirmou a professora. Ela destaca ainda que os dois produtos desenvolvidos atendem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 

Estudo de contaminação
  
Apesar de atenderem às normas da ABNT, o bloco e o concreto fabricados com resíduos da produção das pás eólicas ainda não podem ser utilizados no mercado. A professora explica que o próximo passo para a utilização em larga escala desses produtos é a realização de uma pesquisa sobre possíveis contaminações que podem ser provocadas por eles. "Temos que ter total segurança antes de utilizar esses novos materiais", pondera.

No caso dos blocos para calçamento, a contaminação poderia acontecer por meio de substâncias liberadas pelo material no solo. "Essa contaminação, por exemplo, poderia chegar até um lençol freático", diz Maria Lúcia. Já o concreto, avalia, poderia, por exemplo, liberar gases tóxicos à saúde humana. Os testes de contaminação, porém, são mais caros. Ainda não há previsão para que eles sejam realizados.

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