Segundo coordenador de ONG que também encaminhou relatório sobre prejuízos desta área, falou sobre o assunto e apresentou opções locacionais para EISA.
Segundo informações extra oficiais, o pedido se refere à mesma área já negada pelo órgão ambiental, a 5A - que compreende a faixa que vai da foz do Rio Coruripe ao Pontal de Coruripe – considerada pelo IBAMA inviável pelas grandes perdas àquele ecossistema.
Para entender melhor sobre a área que formou o impasse entre IBAMA, Grupo Sinergy, Governo do Estado, ambientalistas e sociedade, o Portal Primeira Edição foi até o município de Coruripe, distante 85 km de Maceió.
Nossa equipe de reportagem foi recebida pelo coordenador-diretor da ONG ECO Mangue, José Valdir Melo, uma das entidades locais que acompanham a novela EISA Alagoas desde os primórdios.
A ECO Mangue foi criada no ano de 1997 com o intuito de recuperar o Rio Coruripe que estava degradado pela ação humana e os dejetos provenientes da Usina Coruripe. De acordo com José Valdir, um grupo procurou o diretor ambiental da Usina, sr. Márcio Wanderley, e solicitou que algo fosse feito, e então o próprio diretor da Usina sugeriu a criação da ONG.
“A Usina Coruripe reconheceu o seu erro e se prontificou a solucioná-lo e hoje ela é nossa grande parceira”, disse o coordenador da ECO MANGUE. “Antes, no Rio Coruripe, não se aguentava nem o odor, hoje em dia, em parceria com a Usina Coruripe, com a Codevasf, com a Sepaq e o Regis Cavalcante, nós realizamos peixamento, projetos de preservação, piscicultura, enfim”, vangloriou Zé Valdir.
Atualmente, a ECO Mangue conta com a colaboração de mais de 800 pessoas cadastradas, a maioria são pescadores que só podem exercer a função com a apresentação do documento da ONG.
EISA Alagoas e a Área 5A – ambientalmente inviável
Quando informado pela Diretora de Licenciamento do IBAMA, Gisela Forattini, durante a audiência pública realizada em Coruripe no último mês de Março, que qualquer entidade ou pessoa poderia encaminhar documento favorável ou não a implantação do empreendimento Eisa Alagoas em Coruripe, a diretoria da ECO Mangue, formada por cinco membros, decidiu fazer o seu parecer sobre a construção do Estaleiro e o encaminhou a superintendente do IBAMA em Alagoas, Sandra Menezes.
“Ficamos sabendo na audiência pública. Tivemos o prazo de 30 dias para fazer esse documento, levar à Sandra Menezes, para ela encaminhá-lo a equipe de licenciamento do Ibama Nacional”, explicou José Valdir.
Segundo José Valdir, assim como o IBAMA, os membros da ECO Mangue também não são contra a instalação do estaleiro em Coruripe, mas sim por uma preparação antes do município e também a mudança da área 5A. A ONG, inclusive, sugeriu uma das áreas expostas nos estudos do próprio empreendedor, a área 5B, localizada depois da Foz do Rio Coruripe.
Para Zé Valdir, a área 5B apresenta apenas uma área superficial de mangue, portanto, a degradação seria muito menor que a área 5A, que segundo os dados apresentados pelo próprio empreendedor, tem área total de 208,03 hectares (ha), dos quais 63 ha compreendem áreas de manguezal e 145,13 ha áreas de atividades agrícolas, como o cultivo de cana-de-açúcar e coqueiro.
O parecer técnico do Eisa Alagoas diz que a área 5B ‘atente às condicionantes técnicas do projeto', mas que a realocação de quase todo o povoado Barreiras, a tornou ‘claramente inviável'.
“No meu ponto de vista, ele [o empreendedor] não quis gastar dinheiro com as indenizações. Desmatar o mangue é muito mais fácil”, disse José Valdir. “Como é que uma empresa quer instalar um empreendimento do porte desse estaleiro e não apresenta um plano B? Eles apresentaram quatro alternativas e só realizaram estudos em uma? Aúnica forma que eu consigo entender isso é que eles querem pegar o ‘filé pronto’”, finalizou.
Além dessas duas áreas, os estudos apontaram a existência de outras duas locacionais em Coruripe mesmo, a 5C e 5D, que foram descartadas pelo Grupo Sinergy, pois teriam que ser propostas intervenções e construções no mar para contenção das ondas.
Ainda sobre o relatório da ONG enviado ao Ibama Nacional, a ECO Mangue expôs a sua preocupação com a 'favelização', que, segundo Zé Valdir, pode sim acontecer caso o município não se prepare para recebê-lo. Para a ECO Mangue a situação em Coruripe é de atraso e para atender um empreendimento desse porte é necessário uma evolução social e econômica grande.
“Não há casas para alugar, não há condomínios para receber as milhares de pessoas que vão vir à Coruripe. O hospital daqui está sobrecarregado, ou seja, tudo tem que evoluir antes desse empreendimento chegar. Coruripe precisa do estaleiro, mas tem que ser feito da maneira correta”, garantiu o coordenador da ECO Mangue. “Essa história que depois do estaleiro vão construir as casas, os hospitais e etc, é ilusão, assim como é ilusão a compensação ambiental do mangue”, finalizou ele.
José Valdir ainda defendeu a decisão tomando pelo IBAMA Nacional e garantiu entender que não há ‘preconceito’ do órgão contra o Estado, mas que apenas a diretoria de licenciamento do Ibama fez o seu trabalho.
O Ibama Nacional deve divulgar em até 30 dias a resposta ao novo pedido de licenciamento ambiental para o Estaleiro S.A em Alagoas.
Veja Matérias Anteriores:
> Sindimetal realiza protesto em frente ao IBAMA/AL contra parecer que nega construção do Estaleiro;
http://primeiraedicao.com.br/noticia/2012/08/01/eisa-alagoas
Nenhum comentário:
Postar um comentário