A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) vai
transformar a maneira como a sociedade brasileira se relaciona com seus
resíduos. Até 2020 o Brasil deverá ter toda a estrutura necessária para dar uma destinação adequada a qualquer resíduo sólido e até 2014 todos os municípios
deverão eliminar completamente seus lixões e implantar aterros sanitários.
Neste contexto, as oportunidades vão desde a produção de
adubo e energia até a reciclagem e capacitação técnica; é o que aponta o
levantamento “Gestão de Resíduos Sólidos: uma oportunidade para odesenvolvimento municipal para a as micro e pequenas empresas”. Desenvolvido
pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Mato Grosso do Sul
(SEBRAE-MS) com o apoio do Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN),
integrante do Grupo BID, o estudo alerta que o primeiro passo para que este
mercado cresça é fazer com que exista consciência ambiental.
Campanhas, seminários, ações nos ambientes escolar e
empresarial são fundamentais para inserir o tema no cotidiano da comunidade e
constituem também oportunidades de consultoria para a criação e apresentação de
treinamentos sobre resíduos sólidos com materiais didáticos para escolas,
empresas, comunidades, órgãos públicos, entre outras.
O Brasil gera diariamente 183 mil toneladas de resíduos, mas
apenas 405 municípios possuem estrutura para a coleta seletiva. Para reverter
esta situação, a PNRS estabelece a responsabilidade compartilhada entre poder
público, empresas e consumidores, o que segundo o Especialista do FUMIN Ismael
Gílio, apresenta extraordinário potencial para as Alianças Público-Privadas.
“Diferentemente de outras políticas públicas, a sustentabilidade envolve todo o
ciclo produtivo, passando pela produção, comercialização, consumo e os
resíduos, e, portanto, requer ativa participação entres os três setores: o
público, o privado e o terceiro setor, sobretudo no nível municipal.”
Oportunidades identificadas-O estudo aponta grande espaço
para aproveitamento do gás metano gerado em aterros sanitários, que pode ser
convertido em eletricidade como forma de incrementar a eficiência energética
local. A própria estruturação das instalações pode ser um bom negócio,
considerando que 50% dos 5.564 municípios brasileiros ainda possuem lixões para
a destinação dos resíduos sólidos.
Outro espaço para investimentos está no método da logística
reversa, destinado a coletar e devolver resíduos específicos (aparelhos
eletroeletrônicos, pilhas, baterias, pneus, lâmpadas fluorescentes, óleos
lubrificantes, agrotóxicos) ao setor empresarial, e que é de responsabilidade
dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes. O setor de
agrotóxicos, por exemplo, já possui mais de 400 pontos de recebimento de
embalagens nos 27 estados.
Para atender à logística reversa são necessários serviços de
coleta, transporte, separação de materiais, armazenamento e retorno à cadeia
produtiva. A instalação e administração de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs)
ou Ecopontos deve estar prevista nos planos municipais e precisa de investimentos.
É neste contexto que emerge o papel da coleta seletiva, dos
catadores e separadores, e da reciclagem, um dos principais instrumentos da
PNRS e uma das áreas com maior potencial de inclusão social e geração de renda,
sobretudo com a formalização do trabalho dos catadores. Sem a reciclagem, a
economia brasileira perde R$ 8 bilhões por ano.
Além dos PEVs e Ecopontos estão previstos na legislação e
carecem de investimentos para suas construções e operação: Locais de Entrega
Voluntária de Resíduos Recicláveis (LEVs); galpões de triagem de recicláveis
secos; unidades de compostagem; áreas de triagem, transbordo e reciclagem de
resíduos da construção e aterros sanitários de pequeno porte – todos, ambientes
indispensáveis para a realização da coleta seletiva e trabalho dos catadores.
A aplicação de tecnologias para gerar energia a partir de
dejetos de animais deve estar contemplada nos Planos Estaduais de Gestão de
Resíduos Sólidos e demonstram grande potencial. Anualmente é gerado quase dois
bilhões de metros cúbicos de material orgânico bovino, suíno e de aves, que
pode ser transformado em biogás, vapor, combustível veicular, para caldeiras ou
fogões, ou para abastecimento de gasodutos. Projetos em pequena e média escala
estão gerando bons resultados na região sul.
As oportunidades de consultoria também são amplas, seja para
os poderes públicos e setor privado para desenvolver estudos de viabilidade de
implantação e execução de sistemas de logística reversa e coleta seletiva; seja
para o planejamento, licenciamento e instalação de sistemas de aproveitamento
dos gases gerados na disposição final dos resíduos sólidos.
Na indústria e comércio, a produção e comercialização de
recipientes para separação dos resíduos sólidos nas residências e empresas,
ferramentas e acessórios para compostagem, e outros equipamentos destinados ao
aproveitamento energético de gases podem movimentar um mercado com potencial
nacional e internacional.|BID.
Fonte: www.revistafator.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário